Pedaladas que transformam vidas.
Álvaro Coutinho – Começa nesta quarta-feira, 7 de junho, mais uma peregrinação do grupo de ciclistas, conhecidos como os Ciclistas de Maria. Eles saem da cidade de Jacarezinho/PR com destino ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, na cidade de Aparecida/SP, percorrendo um total de 680 quilômetros, de Santuário a Santuário.
No último domingo, dia 4 de junho, houve a Santa Missa de envio da 16ª Peregrinação, celebrada no Santuário de Schoenstatt em Jacarezinho, com a presença de muitos amigos e familiares, pedindo a intercessão da Mãe Três Vezes Admirável para os ciclistas. Na sexta-feira, dia 9, eles passam pelo Santuário de Atibaia/SP em mais um momento de encontro com a Mãe de Deus.
O início
A viagem de bicicleta até a Basílica Nacional teve início no ano de 2002, quando três ciclistas resolveram enfrentar o desafio de fé e devoção a Mãe de Deus, encarando a empreitada que ocorria em apenas três dias de viagem.
Quando iniciaram a peregrinação, os três não tinham ideia de como seria a viagem, nem como ela se tornaria tão grandiosa e transformadora na vida das pessoas. Simplesmente arrumaram suas coisas, colocaram no bagageiro da bicicleta e partiram, cientes das dificuldades que enfrentariam no caminho.
No ano seguinte, resolveram novamente cumprir o desafio de fé; a partir daí, desde então, nunca mais um ano se passa sem que a peregrinação ocorra. De lá para cá se foram 15 viagens completadas, tendo a adesão de cada vez mais ciclistas, imbuídos pela fé e devoção, sejam pelos motivos particulares que forem, encarando o desafio de chegar de bicicleta a casa da Mãe de Deus.
Os ciclistas
A viagem, que teve início de forma despretensiosa, acabou tomando uma magnitude muito grande, envolvendo uma média de 30 ciclistas por ano, sempre com novas pessoas aderindo a cada ano, já tendo, inclusive, a participação de um sacerdote na peregrinação, o Pe. Antônio Marcos Depizzoli, no ano de 2014.
Quem vai pela primeira vez experimenta um misto de sensações de fé, dor, cansaço e superação, tendo como recompensa a chegada ao Santuário de Aparecida. Após a viagem as relações de amizade permanecem vivas entre os participantes, os quais constantemente se reencontram para conversar sobre suas vidas e como será a próxima viagem.
As histórias
Como não podia ser diferente, sempre de forma sadia e respeitosa, a cada ano surgem novas histórias e brincadeiras, como a do ciclista que vai todos os anos, mas até hoje não aprendeu o caminho, sempre se perdendo no percurso. Ou então de outro ciclista que todos os anos, em todos os dias da viagem, tem seu pneu furado várias vezes, mas nunca admite o problema. Isso fora muitos outros casos e brincadeiras que ilustram a amizade e parceria.
Mas, para além disso, não somente de brincadeiras está envolvida a viagem, pois vários são os testemunhos de ciclistas que participam e/ou participaram em algum ano levando uma bonita história de fé na bagagem. Histórias que ficam marcadas na memória de todos, servindo como motivação e ensinamento no caminho.
Emmanuel Mimi (33 anos) participará, em 2017, pela terceira vez da viagem. Ele sempre esteve muito distante das coisas de Deus, mas em sua primeira viagem, no ano de 2015, teve sua vida transformada, conforme relata:
“Há alguns anos comecei a pedalar e em 2014, em algumas dessas pedaladas, conheci a história dos Ciclistas de Maria. Sempre via as camisetas e o pessoal conversando e contando os acontecimentos das peregrinações que faziam, mas nunca pude entender muito o que acontecia, pois, apesar de batizado, não frequentava as missas. Em 2014, em um treino de 150 km, com um grupo grande de ciclistas, dos quais se fazia presente o Pe. Depizzoli, pessoa a quem tenho muito carinho, senti algo diferente em ver o relacionamento entre os ciclistas e como eles se tratavam, decidindo participar no ano seguinte de uma “dessas viagens”.
Confesso que encarei o desafio como algo físico e não religioso, mas, para minha surpresa, a Mãe de Deus preparava algo maior em minha vida.
Nos dias da viagem conheci pessoas maravilhosas, com as quais tenho muita amizade até hoje, mas o que mais tenho comigo foram as orações do Santo Terço todos os dias da peregrinação, além da visita ao Santuário da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt na cidade de Atibaia/SP, que ocorre no terceiro dia da viagem.
Até aquele ponto eu fui uma pessoa, mas, de lá para cá houve uma transformação tão grande em minha vida que sempre que me lembro disso as lágrimas escapam dos meus olhos. Quando saímos do Santuário da Mãe e Rainha, senti algo diferente invadir meu coração, não podia explicar naquela hora, mas percebi que algo havia mudado, sendo que desde aquele momento procuro dedicar minha vida mais a Deus e a Maria, além da transformação como família.
Hoje, estudando e conhecendo mais o que significa tudo isso, estou ciente de que naquele momento recebi a cura espiritual da Mãe de Deus, que mesmo sem eu ter pedido ou querido, me reconduziu aos passos do Pai.
Neste ano de 2017, especialmente, terei a graça de fazer essa peregrinação na companhia de minha esposa, Karina Silva, que fará sua primeira viagem, e estou ciente de que isso mudará nossas vidas de forma especial”.
A viagem de 2017
Neste ano, conforme informação dos organizadores da peregrinação, Claudio e Karina Cavazzani, a viagem está em sua 16ª edição e terá a participação de 29 ciclistas das cidades de Jacarezinho/PR, Santa Cruz do Rio Pardo/SP, Ourinhos/SP, Santo Antônio da Platina/PR, Cambará/PR, Andirá/PR, Bandeirantes/PR e Tomazina/PR.
A logística da viagem já começa a ser realizada no ano anterior, com a reserva de hotéis, tudo feito pelos organizadores. Muito diferente da viagem original, na qual os ciclistas eram os responsáveis por levar tudo o que necessitavam, sem o apoio de nenhum carro, eles hoje contam com duas caminhonetes que vão dando apoio com água, frutas e lanches, além de um ônibus que leva os familiares para recepcionar os ciclistas na chegada e os traz de volta.
Os organizadores disseram que a satisfação pessoal em organizar um evento dessa magnitude não tem preço, pois somente em saber que fazem a diferença na vida das pessoas, propiciando que promessas sejam cumpridas, intenções sejam oferecidas e graças alcançadas, já é o bastante para que todo o esforço valha a pena.
O organizador e ciclista Claudio Cavazzani foi um dos três primeiros a fazer a peregrinação de 680 quilômetros no ano de 2002, já tendo participado de 13 viagens e sua esposa, Karina Cavazzani, já participou de nove peregrinações. Muitos desses homens participam e colaboram nas atividades do Santuário de Schoenstatt de Jacarezinho e todos os anos partem de lá, da casa da Mãe e Rainha, para visitar a Padroeira. Este ano levam consigo um especial carinho, pelo Ano Jubilar, para presentear à Mãe Aparecida.