Uma mulher fundamental na história de Schoenstatt
Gilvaneide Lima do Nascimento – Para as mulheres em Schoenstatt, este é um ano centenário, um ano todo especial. A cada mês, no site nacional, está sendo publicado um novo artigo sobre as mulheres que se destacam no Movimento de Schoenstatt e o que temos a aprender com elas.
Neste mês de junho queremos voltar nosso olhar para a primeira mulher que se destacou em Schoenstatt e que recebeu de Deus a missão de ser mãe de nosso Pai e Fundador: Catarina Kentenich.
Quem foi esta mulher?
Catarina Kentenich nasceu em Gymnich, Alemanha, em 18 de julho de 1863. Dos oito filhos, era a mais nova.
Quando Catarina tinha 18 anos foi trabalhar como auxiliar nos serviços domésticos na fazenda Heuser, em Oberbohlheim, onde conheceu Matias José Koep. Matias manifestou por Catarina um interesse particular. Ele a conheceu na fazenda, onde trabalhava como capataz.
Mais tarde, Catarina engravidou de Matias e teve que deixar a fazenda. Foi para a casa de sua irmã, que tinha uma hospedaria. Toda esta situação foi muito difícil para a jovem Catarina. Ela teve que lutar por ser mãe solteira. E, justamente por não ser casada, carregava uma sorte difícil, semelhante a de outras mulheres da época.
Pouco antes do nascimento de seu filho, o pai de Catarina Kentenich a levou para sua casa, em Gymnich.
Um fato importante na vida de Catarina revela a grandeza de sua alma, a sua missão de mãe e o atuar da Divina Providência. Uma noite, ela sofreu a tentação de pôr fim à vida. Sua mãe foi despertada por uma angústia interior, pegou água benta, percorreu toda a casa, até o quarto da filha, e disse: “Aqui em casa está acontecendo algo muito ruim”. Profundamente tocada por estas palavras, naquele momento Catarina Kentenich decidiu aceitar a sua nova situação. Ainda na mesma noite, consagrou a criança que ia nascer a Deus e a Nossa Senhora, por quem tinha um grande amor.
No dia 16 de novembro de 1885 Catarina Kentenich dá à luz ao pequeno Pedro José Kentenich. Esta criança tornou-se o conteúdo e o sentido de toda a sua vida.
A partir desse relato, brilha ante nossos olhos o exemplo de como Catarina educou o seu filho. O amor que tinha por ele e o quanto se preocupou em dar-lhe o melhor. Sempre trabalhou em vista do filho e quando percebeu que não seria capaz de lhe oferecer um bom estudo e um boa formação, teve que tomar uma difícil decisão. Com muita dor, aconselhada por seu confessor, decidiu colocar o menino num orfanato, pois sabia que lá ele estaria bem cuidado, que não lhe faltariam os bens materiais necessários e também teria a garantia de um bom futuro. Apesar dessa decisão, Catarina jamais abandonou o filho. Sempre que era possível, ia visitá-lo e estava sempre em contato com ele. “Meu querido filho! (…) agradeço ao bom Deus por ele me ter dado a maior felicidade que uma mãe pode ter aqui na terra: um bom filho”, ela escreve numa carta. Mais tarde, após a fundação do Instituto das Irmãs de Maria, também escreve: “Eu ajudo-te quanto posso, pela oração e boa conduta. Agradeço ao bom Deus por teres uma vocação tão bela. Como os anos passam depressa! Penso sempre que ainda não faz muito tempo, usavas o terno azul de estudante, e agora já estás na melhor idade de um homem. Como os avós se devem alegrar contigo e rezar por ti! Precisava escrever-te de novo. Agora me sinto outra vez bem contente. Com cordial saudação e que Deus te guarde, tua mãe que reza por ti”.
Por que ela se destacou?
Catarina se destacou e continua a se destacar como grande mulher e mãe.
O seu sim à vida marca o início a uma grande história, da qual todos nós, schoenstattianos, fazemos parte.
Com o seu sim nasce Schoenstatt, nasce uma grande personalidade, nasce quem Deus confiou uma missão, nasce nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich.
O que também dá um especial destaque a Catarina Kentenich é seu amor e sua responsabilidade pela educação de seu filho. As pessoas que conheceram a mãe do Pe. Kentenich descrevem-na como uma mulher distinta, de passo firme e decidido. (…) Era trabalhadora esforçada e durante toda a vida foi muito modesta no que dizia respeito à sua pessoa. Evitava gastos desnecessários, costumava economizar. Foi caracterizada como uma “mulher delicada e nobre (…)”. Era estimada como cozinheira e recomendada entre as famílias ilustres.
Catarina Kentenich era muito religiosa e apostólica, ia à missa todos os dias. Por sua influência, a família onde ela trabalhava como cozinheira se converteu ao catolicismo e passou a empenhar-se intensamente na Igreja.
Em 27 de março de 1939 ela faleceu serenamente, em paz, com 75 anos, após uma vida toda dedicada ao trabalho como oferenda silenciosa pelo filho.
Pe. Kentenich visitou-a três dias antes de sua morte. Ele comentou certa vez: “A minha mãe era uma mulher muito dedicada, viveu santamente, com certeza já está no céu”.
O que o exemplo de Catarina Kentenich ensina às mulheres do nosso tempo?
Seu exemplo nos mostra a grandeza e os valores que Deus presenteou à alma feminina e que, quando desdobrados e colocados a serviço, possuem uma grande repercussão na vida do outro.
Catarina Kentenich nos ensina a verdadeira maternidade, quer seja biológica ou espiritual, que o principal é cuidar que o filho dado por Deus se desenvolva e cumpra sua missão.
Toda mulher traz dentro de si o anseio de servir – e uma mãe, por excelência, desdobra em si esta virtude.
O exemplo de Catarina Kentenich ensina a sermos fortes nas provações e a perseverarmos nas dificuldades. Vivemos em um tempo que a imagem da mulher está sendo totalmente distorcida. Por isso, fixemos nosso olhar nas heroínas que Schoenstatt formou e continua a formar como resposta concreta para o nosso tempo.
* Contribuição da Liga das Mães de Schoenstatt do Regional Nordeste
BIBLIOGRAFIA:
Anos Ocultos – Dorthea M. Schlickmann